[Bahia Notícias] Com banda completa, Aiace apresenta ao vivo o mergulho íntimo de seu disco ‘Dentro Ali’

por Jamile Amine no Bahia Notícias

Com banda completa, Aiace apresenta ao vivo o mergulho íntimo de seu disco ‘Dentro Alí’

Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

Depois de quase um ano do lançamento de seu primeiro disco solo, “Dentro Alí”, a jovem cantora e compositora baiana Aiace finalmente mostrou o resultado de seu trabalho independente ao vivo, acompanhada pelos músicos Alexandre Vieira (baixo), Sebastian Notini (bateria), Bruno Aranha (teclado), Théo Silva (Guitarra) e Gabi Riddim (programações eletrônicas). O show de lançamento aconteceu no dia 6 de novembro, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, com gratuidade de pauta, dentro da programação especial de retomada do espaço, após a reforma. 

Em entrevista ao Bahia Notícias, a também vocalista do grupo Sertanília contou sobre o longo processo para a realização do álbum “Dentro Alí”, que levou três anos de produção e tem como faixa-título uma composição da baiana Luedji Luna. Aiace falou ainda sobre as parcerias com o pai, Gileno Felix, e com o padrinho, Lazzo Matumbi; além da especialíssima dobradinha com Luiz Melodia. “Luiz Melodia ficou super encantado com a gente e a partir daí a gente começou a estreitar os laços e ele deixou escapar uma vontade de fazer alguma coisa juntos. A gente acreditou nisso, abraçamos, fomos abraçados por ele e por Jane Reis, companheira dele, e a partir daí a gente mostrou ‘Samba Sacerdócio’, que inclusive foi uma música composta pra ele, sem nem saber que ele poderia um dia sequer cantar essa música”, lembra a cantora, que aos três anos já compunha com o pai a faixa “Pra ver sabiá cantar” e, antes mesmo de nascer, já estava predestinada para o mundo das artes. “A gente vai colecionando fatos, histórias, memórias e esse disco é resultado de muito trabalho e eventos que aconteceram, inclusive, antes de eu nascer. Porque os meus pais escolheram meu nome pensando em ter uma filha cantora, e pensando que num futuro essa filha cantora não precisasse escolher um nome artístico. Junto com isso, meu pai que também é compositor, ia compondo algumas canções e guardando, pra que essa filha cantora, num futuro, pudesse interpretá-las”, revela Aiace, explicando que o disco, repleto de símbolos relacionados à água, é uma espécie de mergulho em suas origens e referências. “Eu sempre fui muito banhada pelas águas, e boa parte das inspirações que surgem pra mim, curiosamente, surgem com a água envolvida. Arranjos surgem durante o banho ou simplesmente quando eu lavo o rosto, enfim, a água sempre esteve muito presente. E eu também por ser de Oxum trago muito das águas comigo. E esse movimento que a água faz, o tempo todo cíclico, também me move. Ela sempre encontra um caminho pra escoar, sabe, a água não fica presa por muito tempo. O caminho dela é correr, é ir para outros lugares”, explica a artista.

Esse é seu primeiro disco solo, lançado em 2017, no mesmo ano em que o Sertanília também lançou um novo álbum. Como você fez para conciliar o trabalho com o grupo e o seu solo? Foi proposital a ideia de lançar os dois no mesmo momento?

Na verdade não foi proposital, as coisas foram acontecendo. No disco do Sertanília a gente teve o patrocínio da Natura Musical, e acabou atrasando um pouco mais, por conta de alguns eventos que aconteceram no meio das gravações, problemas que envolveram o grupo inteiro, e o próprio curso mesmo do disco, que é demorado o processo de construção. E acabou que a gente conseguiu lançá-lo em março de 2017. O meu disco solo nós já estávamos gravando há três anos. Foi um disco completamente independente, não teve nenhum tipo de patrocínio, e por este motivo, justamente por não ter nenhum tipo de patrocínio e apoio, é que a gente foi se permitindo estender alguns prazos, porque para captar era mais complicado, e fazer um disco é muito gostoso ainda. Mesmo com todas facilidades que nós temos hoje, comparando com alguns anos atrás, hoje nós temos mais liberdade e mais facilidade pra gravar, mas ainda assim é muito complicado ainda gravar um disco, com toda produção, músicos, arte gráfica, arranjos e tudo mais. Então, sem grana fica muito mais complicado. E a gente foi se permitindo estender esses prazos e acabou que coincidiu de conseguir lançar no mesmo ano.

Show de lançamento veio quase um ano após o disco | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

 

E o fato dele ser solo, mesmo tendo levado esses três anos, por uma conjunção de fatores, facilita um pouco na hora das decisões?
Algumas coisas são mais fáceis e outras nem tanto. Sozinha, de fato, as decisões ficam muito mais concentradas em mim, e o trabalho acaba sendo muito mais a minha cara. E em um grupo é diferente, a gente vai compartilhando as ideias. Embora também, dentro do meu trabalho solo, eu dei muita liberdade para os músicos e os artistas que trabalham comigo colaboram com o que eles podem e gostariam. Há liberdade criativa dentro do meu trabalho também. Mas também é muito mais difícil estar sozinha, porque tudo recai sobre a gente, então, todas as funções para fazer a roda girar e as coisas andarem, o peso vem pra mim. E, da mesma forma, o investimento financeiro, que não é barato, não é pouco. Para um artista independente hoje circular e conseguir divulgar o seu trabalho é custoso e, enfim, sozinha as coisas ficam ainda mais complicadas, e justamente por isso só agora estou conseguindo fazer o show de lançamento do disco.

Mas foi legal também acontecer isso justo na Sala do Coro, não é?
Exato, a gente juntou essa oportunidade que a Sala do Coro deu e nos abriu as portas. E corremos atrás para viabilizar o show nesse espaço, que é tão importante, ainda mais nesse novo momento da Sala do Coro, e nesse mês, o Novembro Negro. Então foram vários fatores que a gente olhou e falou “não, tem que ser agora”. E também porque já vai fazer um ano que eu lancei o disco digitalmente nas plataformas. A gente lançou em 27 de novembro do ano passado, e agora no dia 6 de novembro a gente finalmente consegue fazer o show de lançamento. O que também foi bom porque a gente pôde amadurecer um pouco mais também algumas coisas, tocamos em outros lugares, ainda que não com esta que a gente está levando hoje pra Sala do Coro. Eu tenho trabalhado pra conseguir circular mais, com uma formação menor, e hoje eu vou conseguir levar pro palco uma formação maior. Então isso também era algo que apertava pra poder fazer o show. Eu não queria fazer o show com uma equipe reduzida, queria fazer com uma banda mais cheia pra que as coisas soassem do jeito que a gente tinha imaginado.

 


Primeiro disco solo de Aiace tem fortes referências ao universo das águas | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

De cara na parte visual achei interessante, comparando seus dois últimos trabalhos, a contraposição da aridez do sertão com esse disco solo, o mergulho no universo da água. Qual foi a ideia ai por traz dessa identidade?
Na verdade são várias referências, e todas elas estão muito ligadas ao processo de criação e  também à minha vida mesmo. Eu sempre fui muito banhada pelas águas, e boa parte das inspirações que surgem pra mim, curiosamente, surgem com a água envolvida. Arranjos surgem durante o banho ou simplesmente quando eu lavo o rosto, enfim, a água sempre esteve muito presente. E eu também por ser de Oxum trago muito das águas comigo. E esse movimento que a água faz, o tempo todo cíclico, também me move. Ela sempre encontra um caminho pra escoar, sabe, a água não fica presa por muito tempo. O caminho dela é correr, é ir para outros lugares. E eu vejo esse trabalho também, que é o meu primeiro solo, como a pontinha do iceberg, então por isso também a foto da capa, onde boa parte do corpo está submersa e a pontinha do rosto assim pra cima é meio isso, meio pontinha do iceberg. A gente vai colecionando fatos, histórias, memórias e esse disco é resultado de muito trabalho e eventos que aconteceram, inclusive, antes de eu nascer. Porque os meus pais escolheram meu nome pensando em ter uma filha cantora, e pensando que num futuro essa filha cantora não precisasse escolher um nome artístico. E, junto com isso, meu pai que também é compositor, ia compondo algumas canções e guardando, pra que essa filha cantora, num futuro, pudesse interpretá-las. Então, parte desse disco foi composta também pelo meu pai, e por isso que eu digo, é uma coleção de fatos e memórias que vêm antes até de que eu estivesse aqui. A música que abre o disco foi uma parceria minha e deu meu pai de quando eu tinha três anos de idade, que é “Pra Ver Sabiá Cantar”. É uma vinheta que eu faço à capela.

E como foi esse processo de composição quando você tinha apenas três anos?
Eu tinha três anos, a gente tinha uma sabiá que sempre visitava a gente em casa, só que ela era solta, livre, a gente não prendia ela, porque também sempre fomos contra isso, mas ela escolhia sempre ir nos visitar. E teve um dia que eu estava olhando com meu pai a sabiá, eu ia falando algumas frases, ele ia completando e a gente ia musicando juntos.

Então é muito íntimo esse disco. Tem ainda a participação de Lazzo, que é seu padrinho, e você também fez regravações. Como você fez essa escolha de repertório, além das suas e das composições de seu pai, que têm tudo a ver com suas referências?
Sim, ele é um disco muito familiar. É um disco que ainda que eu não tenha escrito todas as canções, essas canções que eu escolhi para estarem aí elas falam por mim também. Algumas delas me acompanham já de muito tempo, outras eu fui descobrindo no meio do caminho e quando eu escutava não conseguia parar de cantar, eu via que essas músicas falavam por mim também. E acho que eu não cantaria uma música se não fosse pra ser assim, se elas não me representassem também. E assim vieram os compositores mais novos, como a galera do Coletivo Criativo, a Luedji [Luna] também. Ter a participação do Lazzo foi extremamente importante, porque ele foi uma das primeiras pessoas inclusive a me incentivar dentro da música, dentro dessa profissão, e é também uma das minhas primeiras referências enquanto cantora, enquanto artista. E eu sempre tive muita admiração e muito respeito pelo trabalho dele, e muito carinho também. E ele participa do show hoje [no show de lançamento do disco] pra deixar tudo mais bonitos, mais especial, porque qualquer participação dele é mega especial. Pra mim é a maior voz que a gente tem hoje no Brasil. E tem também no disco a participação de Luiz Melodia, que a gente conheceu no meio do caminho, mas que pra mim sempre foi uma grande referência, uma referência que eu conheci através do meu pai.

 

Veja a participação de Lazzo no show de lançamento de “Dentro Ali”:

 

Como foi esse encontro com Luiz Melodia, foi um dos últimos registros antes da morte dele, não é?
Sim, foi um dos últimos registros del, nós nos conhecemos através de um amigo dele, o Ricardo Augusto, num sarau na casa do Ricardo, e nós cantamos, ele gostou da minha forma de cantar, da voz, e gostou do Paulo Mutti, que também é quem assina a produção musical do disco e é também compositor de “Samba Sacerdócio”, junto com meu pai, que foi a música que Luiz cantou. Na ocasião eu estava junto com Paulo e o Luiz Melodia ficou super encantado com a gente e a partir daí a gente começou a estreitar os laços e ele deixou escapar uma vontade de fazer alguma coisa juntos. A gente acreditou nisso, abraçamos, fomos abraçados por ele e por Jane Reis, companheira dele, e a partir daí a gente mostrou “Samba Sacerdócio”, que inclusive foi uma música composta pra ele, sem nem saber que ele poderia um dia sequer cantar essa música. O meu pai fez a letra sobre o processo de composição, comparando o compositor a um jardineiro, e o Paulo Mutti fez a melodia e harmonia da música pensando na voz de Melodia vestindo esses contornos melódicos, e ele comentou isso pra gente depois que ele compôs. E pra nossa surpresa foi justamente essa música que a gente cantou com Melodia e, enfim, é muito mais forte hoje escutar um dos versos da música, que é “eterno é o que não se sabe, o dia que chega ao fim”. É muito mais forte escutar Melodia cantando isso hoje, depois de tudo que aconteceu.

 

Quando vocês se reuniram para gravar essa faixa?
Com Melodia eu não vou lembrar agora o período, porque passou tanto tempo desde os primeiros passos, que agora eu não sei se vou lembrar o período certinho. Mas ele ainda não tinha divulgado que estava doente, nós inclusive não sabíamos disso, mas logo depois veio o primeiro internamento dele, pouco tempo depois.

 

Veja o encontro de Aiace com Luiz Melodia para a gravação de “Samba é Sacerdócio”:

 

Uma das gravações que você fez nesse disco foi a música que dá nome ao disco, “Dentro Ali”, de Luedji Luna, porque você decidiu que essa seria a faixa-título? 
Eu conheci a Luedji antes dela ir pra São Paulo, se eu não me engano num dos últimos shows que ela fez aqui antes de ir, no Teatro XVIII. Isso tem muito tempo, a gente já tinha iniciado o processo de pré-produção do disco, mas ele ainda estava se desenhando. Eu fui no show dela, escutei essa música e fiquei depois de um tempão cantarolando do meu jeito, porque eu não tinha ainda decorado a letra toda em uma escutada só. E depois de alguns dias eu entendi que essa música também falava por mim. E cantar uma compositora negra, baiana, dá ainda muito mais significado a isso tudo. A música pra mim vem muito forte porque ela fala sobre o inesperado, sobre compartilhar as expectativas que são nossas, que cada um de nós traz dentro de si, mas que ao mesmo tempo pertencem a um montão de gente, ainda que essas expectativas não sejam conscientes ainda. Pra mim ela fala sobre espiritualidade, e justamente isso também a gente traz no último clipe que a gente lançou, dessa faixa, inclusive. Ela fala sobre compartilhar também com o que a gente não vê, com o que está ali lado-a-lado segurando a gente, inclusive, e sendo alimento, combustível, e que a gente não necessariamente vê e se conecta, mas está alí. E “Dentro Alí” traz uma intimidade muito grande e que tem tudo a ver com esse momento também. Então, a escolha da faixa pra título do disco tem muito a ver com tudo isso e com a essência do disco, principalmente.

 

Dá pra ver também nesse disco solo que você traz outros sons diferentes do Sertanília, tem samba reggae, rock. Era uma necessidade sua tocar outras coisas, outras referências?
A minha formação musical vem desde muito nova e em casa eu sempre escutei muita coisa diferente, os meus pais sempre incentivaram isso dentro de casa. Depois, maiorzinha, eu tive contato com mais uma infinidade de gêneros musicais dentro do meu trabalho, dentro das pesquisas que eu fazia, passando pelo jazz, pela música instrumental, pela música de orquestra, música de concerto, enfim, por vários gêneros. E fora o que a gente absorve sem escolha, o que a gente escuta nas ruas, o que a cidade pulsa. Então, eu acho que eu não tenho uma gaveta pra cada coisa, eu simplesmente coloco tudo junto e isso é o que eu canto, o que a minha música fala, grita, então eu não vejo distinção. As pessoas às vezes me perguntam: “ah, mas qual o gênero que você canta?”. É tão complicado definir porque acho que até, depois do Tropicalismo, essa necessidade de definir algo eu acho que cai por terra, sabe? Eu não gosto muito de catalogar, eu gosto de sentir e fazer. As influências são muitas e eu acho que a gente não deve se privar, sabe, pra se encaixar em algum lugar. Então tem uma série de referências, referências bem diferentes. Minha primeira banda foi uma banda de rock, sabe, então, quando eu era adolescente, sei lá, 14 anos. Depois a banda na época da escola, no ensino médio, com os meninos que estão voltando com a Quarteto de Cinco. Então já fazendo tudo isso a gente vai colecionando, né.

 

E esse disco solo foi uma oportunidade de juntar todas essas referências…
Sim, com certeza. É a oportunidade de mostrar também algo que as pessoas que acompanham meu trabalho não tinham tido acesso ainda no Sertanília, e enfim, acho que é isso.

 

Para fechar, como está a agenda? Você falou que está sem apoio, então é mais complicado, mas já tem alguma coisa nos próximos meses?
Há algum tempo a gente vive um momento complicado, onde não tem circulado muito dinheiro. E justamente por isso a gente fica um pouco mais, como é que eu posso dizer? As nossas opções ficam um pouco mais restritas. A gente tem que se adaptar. Justamente por isso, e pensando em viabilizar uma circulação maior é que eu tenho optado por fazer novas formações instrumentais. Isso tem me permitido chegar em alguns lugares com um pouco mais de facilidade. Quer dizer, não é nem facilidade, mas tem me permitido chegar, porque não tem facilidade, a real é essa. E assim a gente conseguiu ir pra Curitiba, Minas Gerais, acabamos de voltar do País Basco. Na Espanha fizemos em Errenteria, em Madri. Já fizemos Vitória da Conquista, no Festival Suíça Baiana, e já temos shows marcados no dia 8 de dezembro, em São Paulo. Eu vou com o projeto Sons da África pra Pernambuco, nos dias 15, 16 e 17, repetindo o que a gente fez aqui no ano passado, onde eu dividi o palco com Mariama, que é uma cantora que tem as suas raízes na Serra Leoa. E estamos fechados também Brasilia, pro próximo ano a gente já tem um festival marcado também em Curitiba, a partir desses laços que a gente vai fazendo. Então, os convites têm acontecido, as parcerias têm acontecido, ainda que sem tantos recursos. Dentro desse universo independente nós temos conseguido nos movimentar e temos conseguido dar passos firmes. E eu acho que isso é que é importante, independente do tempo que leve, é ter os pés no chão e dar passos firmes. E é isso, os shows têm acontecido, os planejamentos estão aí rodando pra gente também chegar mais longe, ir a outros espaços que nós não pudemos ir.

Parece que é preciso que o público passe a apoiar mais, porque há cada vez menos orçamento público e o pouco incentivo que tem, hoje em dia parece que está sendo demonizado. Então vocês têm que repensar toda essa cadeia e se conectar com o público…
Exato, inclusive um público ferido também, justamente por conta de todo esse momento político que a gente vive e dessa onda de fake news, onde muitas pessoas acham que os artistas estão enriquecendo com a Lei Rouanet, o que é uma mentira. As leis de incentivo são como o projeto diz, pra incentivar a cultura. E se um povo não se reconhece na sua própria cultura, não sabe sobre a sua própria construção, dificilmente vai saber pra onde ir também. Então sim, eu acredito que o público também precisa chegar mais junto da gente, apoiar mais. Em Salvador, principalmente, acho que alguns festivais, alguns lugares, alguns grupos, alguns coletivos já vêm nesse movimento de formação de público e de conscientização do grande público, que às vezes prefere gastar a grana com cerveja, mas não quer pagar o ingresso pra ver o artista, que está ali precisando pra continuar movimentando e produzindo cultura. Acho que a gente está caminhando, as discussões têm acontecido, mas enxergo que a gente ainda tem um longo caminho a percorrer.

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